29 de abr. de 2007

Gigahertz

Gigahertz não é mais importante!

Gigahertz, explicando em termos mais simples, é a unidade de medida da velocidade de um processador. A Lei de Moore previa que a cada 18 meses a velocidade dos processadores dobraria.
Essas atualizações constantes fizeram com que a maioria das pessoas passasse a se preocupar apenas com a velocidade (quantidade de Megahertz e posteriormente Gigahertz) dos processadores.
O processador é o componente principal do computador, lá dentro os cálculos são processados, os dados enviadas ao processados são transformadas em outras informações mais elaboradas, porém se os dados não chegam rapidamente ao processador ou se depois de computados eles enfrentam um gargalo para chegar a outros componentes da máquina então a performance fica seriamente comprometida.
É como se uma empresa produzisse seus produtos numa velocidade maior do que o departamento de entregas conseguisse transportar, ou uma grande fábrica parada porque não tem material em estoque para produzir.
O processador é a fábrica, se a matéria prima (dados) não chegam na velocidade adequada ela nada pode fazer, ou se ela produz mais rápido do que consegue entregar, de nada adianta, os clientes (usuários) ficarão insatisfeitos da mesma maneira.
Hoje muitos outros fatores influenciam na boa performance do computador, com a popularização do uso para música e vídeo o espaço em disco tem sido um ponto muito importante a definir na escolha do micro ideal.
Se o micro é para games então a memória da placa de vídeo e o processador de vídeo fazem mais diferença às vezes do que um processador mais caro. A quantidade de memória, que é comum confundirem com o espaço em disco, é um aspecto técnico que influencia a maioria dos programas, seja para uso corporativo ou para fins de entretenimento.
Com o passar do tempo os processadores evoluíram, ao invés de fazer as mesmas coisas de forma cada vez mais rápida passaram a executar as tarefas de forma diferente, antes cálculos que precisavam de diversos ciclos para serem resolvidos passaram a ser solucionados com poucas instruções, atrasos no recebimento da informação foram solucionados com caches (espécie de estoque de reserva de informação para o processador não ter que pedir alguns dados repetidas vezes).

14 de abr. de 2007

Vida Em três Séculos!!!

Maria Olivia, de 127 anos, o ser humano mais velho do mundo, resiste à fome e ao tempo no interior do Paraná.
Por Bruno Moreschi.


Quem é o ser humano mais velho do mundo?
Até o início de janeiro passado, a resposta seria: Sarhad Rashidova, nascido no Daguestão, república russa no norte do Cáucaso. Tinha 131 anos. Sarhad morreu e o posto, até manifestações em contrário, é ocupado agora por uma brasileira. Escondida em uma casa de madeira, no distrito de Içara, ligado à cidade de Astorga, interior do Paraná, a 420 quilômetros de Curitiba, vive Maria Olívia da Silva. Ela tem 127 anos, comprovados na certidão de nascimento, e luta contra os efeitos do tempo. Maria não está nem aí se irá ou não constar do Guinness Book, o livro dos recordes, cujos técnicos iniciaram a verificação para comprovar se ela é mesmo a mais velha. A preocupação vital, no momento, é arrumar uma maneira de segurar a pouca comida que engole no debilitado estômago.
A longevidade de Maria impressiona pelas condições de vida precárias ao longo de quase 13 décadas. Nascida em 28 de fevereiro de 1880, segundo o documento de número 94064864 no registro geral mantido pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Maria teve, e ainda tem, uma existência de privações. Físicas e morais. A atual certidão de nascimento, feita em 1976, está no cartório de Porecatu, livro A2, folha 5, número 272. Foram testemunhas o policial Helio Garcia e o agricultor Anésio Cogo, hoje com 67 anos. Cogo conhece Maria há muitos anos e foi chamado a confirmar a data de nascimento quando refizeram o documento. A primeira certidão sumiu após uma inundação de 1973 que atingiu o cartório de Itapetininga. Corria o ano de 1892, quando Maria decidiu, aos 12 anos, fugir da casa da família em Itapetininga, a 170 quilômetros de São Paulo.
O pai, sitiante violento, tinha o costume de surrar a filha. Em 8 de março daquele ano, o senhor João Camargo exagerou. Bateu no rosto de Maria com tição de lenha ao descobrir que ela havia transado com um homem mais velho no meio do cafezal. Grávida, a menina decidiu ganhar o mundo. Dois anos depois de fugir da casa do pai, casou com um servente de obra. Ainda vivia em Itapetininga. O relacionamento acabou com uma carta de despedida que explicava que ele fugira, pois não era bicho para viver preso. Não passou muito tempo e Maria também foi embora. A sogra, proprietária da casa em que vivia, a expulsou dizendo que não queria nunca mais ver a mulher responsável pelo desaparecimento do filho. Quando se foi, estava grávida, como um terço das mães adolescentes que, após dois ou três anos, voltam a engravidar. Do interior de São Paulo ao Paraná, Maria passou o resto da vida a vender vassouras que ela mesma produzia.
No Paraná, casou-se novamente. O segundo marido, que Maria não consegue mais dizer o nome, a espancava brutalmente tanto quanto o pai. Quando não tinha motivo para bater, falava que o soco era garantia de punição para o próximo erro. Ele a engravidou três vezes. Um dos filhos nasceu prematuro quando a bolsa estourou no meio do espancamento. O marido morreu de cirrose. Sobrou a aliança de latão no dedo de Maria e a certeza de que nunca mais se casaria.Apesar das agruras, Maria teimou e não só sobreviveu. Foi além dos padrões da época. Atravessou o século XX e entrou no XXI. Por causa da caridade de um pastor, do filho adotivo e das assistentes sociais da prefeitura de Astorga, pode-se dizer que a vida hoje não é tão miserável quanto antes. Em 28 de fevereiro, os vizinhos celebraram o aniversário de 127 anos. Teve salgadinho e o bolo foi cortado com dificuldade pela própria aniversariante. O presente veio depois, quando a prefeitura dedetizou a região e liquidou as moscas que a perturbavam. Ela reclamava bastante dos mosquitos.
Para chegar à casa de Maria, basta virar à direita depois da cruz branca na entrada do vilarejo e perguntar para o primeiro homem sentado no bar do seu Geraldo. “Não tem erro. É uma casa velha, logo ali.” A porta está aberta. Maria Olívia da Silva é do tamanho de uma vassoura de palha das que fabricava para sobreviver. Passa o dia sentada em uma cadeira de fios azuis de plástico e segura uma fronha de bebê. Antes, o pano servia para enxotar as moscas. Hoje, utiliza-o para cuspir, já que, se engolir saliva, engasga. Se o corpo de Maria quase não se move, o mesmo não se pode dizer dos olhos. De um lado ao outro, enterrados no rosto carcomido, atentos ao que ocorre ao redor. Quando aparece visita, ela diz: “Você me desculpa pela blusa rasgada...” Diz, não. Resmunga.
A língua não tem força para ascender ao céu da boca. Sem a pronúncia do “da” e do “ta”, suas histórias ficam sempre mal contadas. A boca não cerra mais. Se cada frase não for seguida de cinco segundos de descanso, a garganta se fecha e o ar acaba. Quando perguntam se tem noção de que é a pessoa mais velha do mundo, fica aérea. Depois, acha graça. Conclui que merece estar viva mesmo, já que não foi nada fácil agüentar tudo o que passou.
A velhice recorde foi descoberta em 2004 pelo Radialista Aparecido Marcos, locutor da Rádio Astorga. Ele ouviu sobre a existência de uma mulher muito idosa na região e foi conferir. Olhou a carteira de identidade da velhinha, checou no livro Guinness e se deparou com o maior furo jornalístico de sua vida. Aparecido morreu de infarto em agosto de 2006. O pessoal do distrito de Içara conta que, há três anos, um repórter estrangeiro a entrevistou. Maria queria contar sua história sofrida. Mas o repórter insistia para ela revelar o segredo da longevidade.“Sei não”, dizia.O jornalista insistiu tanto que ela falou a primeira coisa que veio à cabeça. Disse que o segredo era a banana que comia todos os dias. E assim ficou: Maria venceu um século de vida, por causa dos efeitos benéficos da banana brasileira.
Edna Pereira dos Santos, que cuida de Maria, ri quando conta a história. Ela ganha 5 reais por dia da prefeitura pelo trabalho, mas nunca sobra dinheiro para trocar o piso da própria casa. Os azulejos não são tão brancos como antes. A missão de Edna é impedir Maria de tropeçar, como aconteceu há quatro meses. O chinelo dobrou, ela bateu a clavícula no chão, quase morreu. “E pode acontecer de novo a qualquer momento. Com exceção do filho adotivo e de mim, ninguém dá bola para ela. Até o pessoal da igreja que construiu essa casinha melhor foi embora”, conta Edna. O pastor aparece uma vez por semana para oferecer a eucaristia. Mas, tão logo ela engole, regurgita o pedaço de pão e o suco concentrado de uva. Nada pára no estômago de Maria. Por isso, ela seca a cada dia. No almoço, come duas colheres de sopa de arroz, um pedacinho de frango e meia banana. Antes da 1 da tarde, vomita. No lanche da tarde, bolacha e café. Vomita de novo. À noite, a outra metade da banana, que não dura uma hora no estômago. Faz questão de ressaltar que não vomita por desdém. Para curar uma úlcera no estômago, Maria toma um remédio com o composto ativo Omeprazol. Aliado a outro comprimido, à base de Glibenclamida, para diabetes, a sensação de vazio no estômago aumenta e ela se torna vítima de uma fome que não consegue jamais saciar. O desejo e a necessidade física de comer transformam os dias e as noites de Maria em pesadelo. Ninguém sabe dizer se os gemidos são de fome ou de dor. Além do apoio espiritual do pastor, as assistentes sociais da prefeitura de Astorga, cidade vizinha de Içara, a visitam pelo menos uma vez por mês. Suzie Pucillo, a líder do grupo, conta que Maria está completamente lúcida, apesar da dificuldade de falar e ouvir. “Bem melhor do que muito rapazinho de 80 anos por aí”, brinca.
A filha “rica” mora em Maringá, a maior cidade da região, com 300 mil habitantes. A última visita ocorreu há quatro anos e não durou mais do que dez minutos. Dos 14 filhos, sobrou apenas o adotivo por perto. Aparecido da Silva sobrevive com os trocados que ganha ao consertar guarda-chuvas e sombrinhas. Segundo ele, os cinco filhos vivos esqueceram Maria. Até 2000, ainda apareciam esporadicamente. “Eles entram por essa porta e logo estão saindo. Parece que têm medo da velha”, conta Silva, enquanto manuseia cartelas do jogo do bicho, outro bico que contribui para o sustento. Silva não abandonou a mãe adotiva, mas reclama da convivência. Diz que Maria é sistemática, quer ser independente e, quando não consegue fazer as coisas por conta própria, dá bronca no primeiro que vê. Ela faz questão de ir sozinha ao banheiro. Passo a passo, atravessa a cozinha, a sala e entra no banheiro. Quando termina, pega a vareta ao lado do vaso sanitário para puxar a descarga. Se alguém entrar antes, ameaça bater com o pedaço de pau.
A passos lentos, Maria teima. Antes dizia que não morria porque precisava cuidar dos filhos. Depois, porque não iria morrer na velha casa de madeira. Mudou de lar, mas prometeu persistir até resolver um problema com o INSS, que suspendeu sua aposentadoria por achar que falecera. Até recentemente, a luta era contra as moscas. Mas agora, vencidos os insetos, está agoniada. Precisa de um novo motivo para continuar.

Vale a pena viver muito?
Apesar dos avanços da medicina, o tempo acelera os riscos à saúde
Por Riad Younes
A procura da vida longa sempre foi o foco do ser humano. A expectativa média de vida em São Paulo ultrapassa 70 anos, acima da nacional. É uma vitória da saúde pública mundial. Mas envelhecer tem um preço. E muito alto. Exemplos não faltam. Comparando pessoas com idade acima de 70 anos com as mais “jovens”, a chance de morrer de derrame cerebral é 15 vezes maior. As chances de desenvolver câncer também aumentam muito. O risco de ter câncer salta da taxa de uma pessoa em cada 24 (4%) aos 45 anos de idade, para uma em cada três (33%).Da mesma forma, o risco de doenças neurológicas graves, com grande potencial de modificar substancialmente não somente a quantidade, como a qualidade de vida do idoso, aumenta significativamente.
Estima-se que 30% a 40% das pessoas com mais de 75 anos experimentam graus importantes de perda das faculdades cognitivas, com aparecimento de quadros demenciais, como Alzheimer, ou parkinsonianos. Problemas articulares são rotineiros nos idosos, como dores e até incapacitação física para as atividades diárias. Ocorrem em mais de 60% de quem tem mais de 70 anos.Diabetes, hipertensão, perda da acuidade visual devida a cataratas ou doenças da retina também são freqüentes. Mas, de longe, a causa mais comum de doenças potencialmente fatais é a cardiovascular. Obstruções progressivas de artérias em órgãos nobres, importantes para o funcionamento normal do indivíduo, começam a afetar o equilíbrio e chegam a prejuízos graves, irreversíveis, como infartos.
A mortalidade por doenças cardiovasculares aumenta de forma quase exponencial com a idade. Para cada 100 mil indivíduos da população com menos de 85 anos, morrem anualmente 150 por doenças cardíacas. Nos com mais de 85 anos, o risco aumenta para 5 mil óbitos, ou seja, 33 vezes mais. Os custos de cuidar da saúde e do bem-estar do idoso alcançam cifras astronômicas. Pesam nos orçamentos das famílias e dos governos, principalmente com o aumento contínuo da expectativa de vida. Ao lado dos dados preocupantes aparecem outros que certamente nos deixam com esperança. A atenção dos médicos e da sociedade começou a mudar, com enfoque maior na prevenção de problemas crônicos e na manutenção de qualidade de vida adequada.
Os avanços da medicina permitem, rotineiramente, tratar com eficiência cada vez maior doenças graves, como o câncer e problema no coração, permitindo melhor sobrevida aos pacientes. Em decorrência, a mortalidade por doenças cardíacas, por exemplo, diminui sensivelmente, desde a década de 70 até hoje. O lema atual da medicina não é somente fazer a pessoa viver muito, mas viver bem. Isso se aplica totalmente aos idosos.

Fronteiras do tempo
A humanidade envelhece e a ciência não sabe dizer qual é o fim da linha
Por Paula Pacheco
Na média, a expectativa de vida no mundo tem aumentado, enquanto a taxa de natalidade faz o caminho oposto. No Japão, que encabeça a lista dos mais velhos, a expectativa de vida é de 82 anos. Na Islândia, é de 81 anos. Suíça, Austrália, Itália, Canadá e Israel dividem a terceira posição, com 80 anos. O Brasil situa-se num grande grupo intermediário, do qual fazem parte China, Argentina e Marrocos, na casa dos 70 anos.Os idosos representam 10% da população mundial, segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Até a metade do século, a previsão é que um em cada cinco indivíduos tenha mais de 60 anos. No Brasil, prevê Alexandre Kalache, chefe do Programa Global de Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025 o número de velhos deve subir de 7% para 14%.No continente africano a realidade é outra. A população de Suazilândia não passa dos 33 anos, o pior índice do mundo. Também estão no fim da fila países como Botsuana, Lesoto, Zimbábue, Zâmbia e República Centro-Africana, onde não se chega aos 40 anos, em média. Guerras e, principalmente, a Aids são as principais influências nas estatísticas da África. Apesar de tantos olhos observando a região, não há muita escapatória.
A população migra de um canto ao outro em busca de melhores condições, mas não escapa da miséria, da fome ou do vírus HIV.Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a expectativa de vida mundial era de 46,5 anos entre 1950-1955. Na medição 1995-2000, ela subiu para 65 anos. Ainda de acordo com o levantamento do organismo internacional, a diferença entre os países mais e os menos desenvolvidos tem caído nos últimos anos.
Era de 25,2 anos na década de 50 e diminuiu para 12 anos.A vida cada vez mais longa representa um desafio para a ciência. Muito se tem discutido sobre qual será o limite para os seres humanos. A história da brasileira mais velha do mundo seria uma exceção, um ponto fora da curva, ou uma tendência? O que a ciência descobriu até agora é que se está longe do limite de crescimento da expectativa de vida.
Uma pesquisa publicada na revista norte-americana Science mostrou que desde 1840 o aumento tem sido linear. Ou seja, se não entrou em queda é porque ainda tem potencial para aumentar. A incógnita até agora traz esperança.