30 de ago. de 2008

A retenção de líquidos e o peso feminino.

As queixas são as mesmas entre algumas mulheres: elas retêm líquidos e por isso não perdem peso; incham mãos e pernas; uma roupa que veste bem pela manhã, fica apertada à tarde; não urinam o suficiente durante o dia e por isso acabam tomando diuréticos. “Para resumir a história: conclusões equivocadas e condutas impróprias”, declara a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
“A primeira lição dessa história é a seguinte: o nosso corpo é dotado de um sistema de controle muito fino da água corporal, de maneira que o balanço hídrico não se altere muito, nem para mais, nem para menos.
O primeiro sinal que algo se alterou é a sede. Ela garante a procura de água sempre que o nosso balanço hídrico estiver negativo e nos faz recusar água sempre que nossa hidratação estiver normal”, explica Ellen Paiva.
Além deste sistema, os rins garantem a eliminação de uma urina mais aquosa e menos concentrada, quando se está bem hidratado e uma urina mais escura e de menor volume, sempre que nosso estoque de água estiver escasso. Finalmente, é eliminado um volume de água de cerca de 1 litro nas 24 horas através da perspiração, que é a água perdida em forma de vapor quando falamos, sendo esse volume ainda maior nos dias quentes. Isso sem mencionar a perda pelo suor e a água gasta pelo nosso corpo em suas reações químicas.“Algumas doenças podem alterar e romper esse sistema aparentemente perfeito e causar uma real retenção de líquidos, como a insuficiência renal.
Outras podem causar uma movimentação anormal da água corporal em seus espaços, fazendo com que um maior volume de água saia das células e dos vasos sangüíneos, invadindo o espaço extracelular, causando um inchaço relativo, como é o caso da insuficiência cardíaca e das doenças crônicas do fígado”, afirma a diretora do Citen. Ela explica que essas doenças são facilmente percebidas pelos pacientes e diagnosticadas pelos médicos. "Não há como confundi-las com estados fisiológicos de retenção de líquidos, que geralmente não vêm acompanhados de nenhum outro sintoma, além da sensação de inchaço.
São doenças graves e necessitam de tratamento específico "Na mulher, o ciclo menstrual merece destaque na retenção de líquidos, pela amplitude de sua oscilação hormonal durante o mês. “Temos um hormônio chamado progesterona, responsável por uma real e fisiológica retenção de líquidos, que ocorre na segunda metade do ciclo menstrual, principalmente na última semana que antecede a menstruação. Essa retenção embebe mamas, abdome e pelve. Se a fecundação não ocorrer, há uma brusca queda hormonal e com ela a menstruação, fazendo com que ocorra a eliminação dos líquidos retidos”, explica Ellen Paiva.
Outro grande mito em relação à retenção de líquidos é o inchaço que surge pela manhã e a alegação de que os anéis não entram ou saem dos dedos. “O que ocorre durante a noite é uma redistribuição de líquidos no corpo humano. Quando permanecemos deitados por muito tempo, ocorre com mais facilidade o movimento dos líquidos para as extremidades do corpo, principalmente para as mãos. Logo, não há retenção de líquidos durante à noite, apenas a migração de líquidos, que voltam a se redistribuir durante o dia, quando ficamos de pé ou sentados, favorecendo maior acúmulo em membros inferiores, principalmente no final do dia”, afirma Ellen Paiva."Há condições muito freqüentes que nos levam a crer que inchamos as pernas ou sentimos a sensação de “pernas pesadas”.
Essa condição é hereditária, de modo que quando olhamos as pernas da filha, sabemos como são as pernas de sua mãe ou das mulheres da família paterna, na dependência do ramo familiar afetado. O problema aparece nas mulheres de pernas caracteristicamente mais grossas, onde a celulite é a regra, sendo essa condição falsamente classificada como retenção de líquidos. Na verdade, tal retenção também não ocorre nesses casos.
O problema é relacionado às alterações circulatórias das pernas, com grande predisposição para varizes e depósito irregular de gorduras, com as nítidas características da celulite”, diz a diretora do Citen.Para dificultar o quadro dessas pacientes, elas têm uma obesidade de pernas, certamente a mais difícil forma de obesidade para tratamento.
Geralmente, estas pacientes perdem peso muito lentamente, não respondem às chamadas drenagens linfáticas, nem aos géis redutores ou qualquer manobra estética de tratamento. “Nesses casos, a melhor forma de tratamento ainda é a movimentação regular e vigorosa das pernas, principalmente em esteiras ou bicicletas ergométricas em exercícios diários, uma vez que esse procedimento tem a mesma atuação que um remédio para o problema”, explica Ellen Paiva.“Uma alteração realmente capaz de nos fazer beber água além da conta e reter líquidos é a ingestão de uma dieta rica em sal.
Isso pode ser facilmente evidenciado quando passamos a beber água em excesso, após ingerirmos comida salgada e não urinamos tamanha ingestão hídrica”, explica Ellen Paiva.O sódio presente no sal é naturalmente osmótico, ou seja, retém água ou simplesmente causa movimentos de água anormais entre os compartimentos corporais, sempre no sentido de um local de menos sódio para um mais rico em sódio. “Logo, uma atitude realmente eficaz, principalmente nas fases do ciclo menstrual, onde naturalmente retemos líquidos, é o cuidado com a ingestão de sal, dando preferência a alimentos com pouco sal em sua composição”, recomenda a médica.
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5 passos para reduzir o consumo de sal:
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1. Use o mínimo de sal no preparo dos alimentos, substituindo-o por temperos naturais como alho, salsinha, cebola, orégano, hortelã, limão, manjericão, gengibre, coentro e cominho;
2. Evite temperos industrializados como ketchup, mostarda, molho shoyu e caldos concentrados. Atenção para o aditivo glutamato monossódico, utilizado em alguns condimentos e nas sopas de pacote;
3. Cuidado com as conservas como picles, azeitona, aspargo, patês e palmito, enlatados como extrato de tomate, milho e ervilha – alimentos conservados em sal e os salgadinhos como batata frita, amendoim salgado, cajuzinho;
4. Evite carnes salgadas como bacalhau, charque, carne-seca e defumados;
5. Nunca tenha um saleiro à mesa.
(Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão)
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Para Ellen, a pior atitude para mulheres que se queixam de retenção de líquidos é o uso dos diuréticos, que induzem à perda forçada de água, causando desidratação celular, eliminação artificial de urina e a falsa impressão de que o inchaço foi reduzido ou até mesmo que houve perda de peso. “A perda de peso, nestes casos, ocorre às custas de desidratação e a diurese forçada deixa sempre a impressão de que os rins não funcionam bem, quando, na verdade, o que é anormal é o volume de urina eliminando, e, com ela, eletrólitos importantes como o potássio.
A má conduta acarreta em dores e fraqueza nas pernas, além de câimbras”, adverte a especialista.“Finalmente, é importante que as mulheres saibam que se elas têm rins funcionantes, coração e fígado normais e acesso normal à água, elas não estão inchadas, nem retêm líquidos. Quando realmente têm retenção de líquidos, isso faz parte do ciclo menstrual e é transitório.
Estas mulheres precisam rever suas dietas e seus estilos de vida para tentarem explicar de maneira mais correta a sensação de ganho de peso”, recomenda Ellen Paiva. A correção da retenção de líquidos não é difícil, desde que possamos entender as causas do problema.
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Informações:
CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional
www.citen.com.br

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