2 de fev. de 2007

Em busca da felicidade!!!



Semana passada me entusiasmei com os encantos de charme da hospedaria onde passei os últimos dias do ano e acabei não mencionando quais os novos planos para este novo ano.
Disse que seria um ser mais meigo, benevolente, positivo.
Pois vamos aos planos.
O adjetivo “maravilhoso” será incorporado ao meu vocabulário do dia-a-dia. Vejo que muitos o têm utilizado nas mais insignificantes situações, para definir, geralmente, as mais inomináveis besteiras e mentiras. Ops! Olha a crítica maldosa se metendo onde não foi chamada.
E a maneira de dizer “maravilhoso” também vai seguir o mesmo padrão dos que mencionam o adjetivo inadvertidamente – droga! olha eu de novo relutando em aceitar o novo eu.
Repare que não basta dizer “maravilhoso”. A palavra deve ser dividida: ma-ra-vi-lho-so. Percebo algumas variações. As pessoas mais descoladas costumam unir o “maravi” e alongar o “lhoso”. Soa mais ou menos assim: “maravi-lhooooso”. A testa costuma franzir, rola um lábio inferior estilo Angelina Jolie e a cabeça balança um pouco.
E veja você que curioso: parece que a expressão está ligada a coisas atuais, coisas que estão, de alguma maneira, na moda.
Digamos que eu comente: “Comi um robalo com um bobó de camarão no Amadeus que estava excelente”. O insider diria: “Amadeus? Ah, sei. É. É bom esse restaurante”.
Mas se eu disser: “Comi um filhote com vatapá no Brasil a Gosto”. “MARAVI-LHOOOOOOSO”, diria, franzindo a testa e se arrepiando todo, o insider. E ainda que eu completasse: um dos piores filhotes e um vatapá muito ruim, ele não me daria ouvidos.
Mas, dentro da proposta de mudança, é provável que eu apenas concordasse com o insider. E mais: voltaria ao restaurante com ele e acharia tudo maravilhoooso.
Fumar. Sempre consta nas listas de promessas para o novo ano parar com isso. Não prometo abandonar o vício. Prometo tentar parar de fumar entre um prato e outro. Hábito condenável sob todos os aspectos. Dizem que prejudica o paladar. E aí surge uma questão séria. Vai que decido parar. Vai que meu paladar, que reputo como razoavelmente apurado, fique ainda mais apurado. O que fazer com o adjetivo novo que irei incorporar ao meu dia-a-dia?
Também existe a possibilidade de eu estar completamente enganado a meu respeito. Quem garante que meu paladar é bom? Não teria eu, na verdade, boca de cabra? Será que ao parar de fumar irei descobrir que o pastel horripilante de bacalhau do Mercadão de São Paulo, assim como o grotesco sanduíche de mortadela do mesmo local, é maravi-lhoooooso? Será que não mais conseguirei passar uma semana sem comer comida japonesa?
Pizzas exóticas-chic com alho-porro, shitake, presunto de Parma e queijos afinados, meu Deus! Será que vou começar a gostar dessas mutações gastronômicas?
Veja quantas implicações cabeludas essa decisão de parar de fumar pode trazer.
Aceito sugestões e conselhos, mas, por ora, é melhor continuar sendo um tabagista.
Não mais irei reclamar da paupérrima oferta de cerveja nos bons restaurantes. Bohemia ou Cerpa. Tudo bem. Não tomarei mais cerveja e ponto.
Restaurantes que empregam jovens bonitos, descolados, maravi-lhoooosos, para nos mal servir, para nos servir de maneira atabalhoada e nada profissional, também deixarão de ser alvo de minhas críticas. Vê-los-ei com o olhar de um velho que admira e se encanta com a juventude.
E, da mesma forma, tentarei me encantar com a juventude dos vinhos. Preciso aprender a gostar de vinhos jovens e descobrir seus encantos. Preciso acreditar mais no enólogo e todo nosso Ronnie Von.
Não vai ser fácil. Vou tentar. Acredito que serei mais feliz e isso é o que importa, certo?
E, antes que esqueça, desejo a você um ano maravi-lhooooso!
Gilson Silva

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei teu Blog, assuntos muito interessantes. Você é D +